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Brega & Chique

Este é um blogue de uma mulher portuguesa com todas as (f)utilidades inerentes a essa condição...

Ainda mais cenas de supermercado...

 É... eu realmente tenho horror de ir ao supermercado... É mesmo daquelas coisas que eu o-d-e-i-o fazer. Já aqui  e aqui tinha falado de algumas razões que me fazem amar estes sítios como a uma missa de sétimo dia, mas este assunto, para mim, deve ser inesgotável como a quantidade de políticos corruptos que há em Portugal...

 

Hoje trago-vos um dos mistérios mais insondáveis da minha existência: por que motivo, num supermercado, escolho sempre a fila de pagamento errada?!??? É verdadeiramente fantástico, mas acontece-me de todas as vezes que lá vou.

 

Depois de toda a epopeia (digna de um herói grego) que é fazer todos os procedimentos necessários até chegar à caixa (sem bater em ninguém pelo caminho...) a tendência, quando se chega a este estádio final, é fazer um cálculo matemático em que se equacionam duas variantes: o número de pessoas em cada fila e a quantidade de parafernália que trazem no carrinho (se trazem canalha a tiracolo também pode ser uma agravante). Estão a ver porque, afinal de contas, a matemática não é uma ciência exata...? É que, apesar de este meu pensamento científico, erro sempre na escolha... Os números e equações não contemplam situações como (e que ocorrem, ora uma, ora outra, ora várias, comigo):

a) A pessoa esqueceu-se de pesar uma porra dum tomate... e por causa disso, lá tem de ligar a fulana da caixa para outra que há de vir, levar o dito cujo e voltar a trazê-lo...

b) "Desculpe lá, mas falta-me..." (um pintelho qualquer) "... e lá vai buscar lá o que for e toca a esperar...

c) O terminal de multibanco não funciona e a pessoa que está à frente tem que ir levantar dinheiro a outro sítio para pagar.

d) O cliente que está à sua frente confere todos os preços das 500 000 promoções o que faz com que haja um vaivém de funcionárias, códigos e o raio-que-parta por uns míseros cêntimos.

e) "Esqueci-me dos sacos no carro, é só um momento." (a sério???...).

f) A gaja que está à tua frente não trouxe a carteira e o %$$## do marido não aparece para pagar a conta (provavelmente está a olhar para o cu ou as mamas de outra tipa...).

g) "Só agora vi que este ovo está partido. Dê-me outros.". Ya... Mais uma espera...

h) A falta de papel no multibanco ou na caixa.

i) "Anda aí a polícia"/ "Vou só ali mudar o carro antes que me multem". (Se tivesses estacionado em condições à primeira...).

 

E tenho a certeza que me estou a esquecer de montes de coisas... Alguém já passou por estas ou tem outras a acrescentar...?

 

 

Antigamente, as tardes eram mais longas...

 ... e não eram só as tardes... havia também as noites e, pelo menos, uma coisa a que se chamava de "fim de semana" e que, basicamente, servia para as pessoas descansarem e passarem tempo com as pessoas de quem mais gostam e precisam de estabelecer pontes como o cônjuge, a família e os amigos. Quando muito, nesses dois dias, tinha de se fazer alguma tarefa lá por casa que não se tinha tido tempo para se fazer à semana, mas... o resto do tempo era para "aproveitar". Longe vão estes tempos...

 

A primeira coisa a acabar foi o tempo que havia quando se chegava do trabalho. Para nem falar do tempo que se perde a ir e a vir do trabalho, porque as pessoas, cada vez mais, sujeitam-se a fazer um absurdo de quilómetros para trabalhar, com tudo o que isso implica. Aliás, se pensarmos bem, a hora do almoço foi mesmo o primeiro sacrifício para "adiantar trabalho" (aquele que nunca está completo...). Quando se chega a casa, hoje em dia, o trabalho vem junto como um cão que ferra o dente na nossa canela e não desgruda. Com as novas tecnologias, pior ainda. É o e-mail com a legislação nova, o resumo da reunião do dia seguinte, o relatório que tem de se enviar; o documento que tem que se disponibilizar no "moodle", os dados que é preciso passar para uma tabela de excel, fora as faturas de casa que é preciso conferir e os movimentos de conta do banco e... (podiam passar aqui a ler este artigo todo o dia se continuasse...)

 

Toda a semana, o escravo-do-século-XXI reza e suspira pelo fim de semana. Pelo bocado de tempo que... não vai ter. Pois é... depois de todos os almoços que não fez no trabalho, das horas que não dormiu por causa das viagens e das preocupações e das noites em que teimou trabalhar ingloriamente, chegado o Desejado (muito mais que um D. Sebastião que %&$#""$ com esta %&$%$#"% toda...) o crente do imbecil ainda o passa não a desfrutar o que quer que seja, mas a acabar o que não teve tempo para fazer ou a preparar o que tem de fazer no futuro. E se consegue ter a coragem de nada fazer, lá no seu subconsciente, a estragar-lhe cada um dos prazeres que, no fundo, não está a gozar, paira aquela vozinha irritante que lhe diz que tem que fazer isto ou aqueloutro e que aquele momento lhe vai sair caro...

 

Antigamente, as pessoas tinham o bem mais precioso que existe e que não volta mais: o tempo. E as tardes eram longas... bem mais longas...

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