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Brega & Chique

Este é um blogue de uma mulher portuguesa com todas as (f)utilidades inerentes a essa condição...

Reeditando "antiques": «A Internet ou o bode expiatório do século XXI»

 

Hoje em dia, não faltam notícias de putos a fazerem atrocidades a animais, a humanos ou outro tipo de desumanidades e a publicarem os seus feitos na rede ou a dizerem-se inspirados por ela. Dedução lógica: a culpa é da Internet...

A Internet torna-se, assim, o "bicho papão" a que atribuem as culpas das mazelas sociais dos nossos tempos. É mais simples, é mais fácil e muito mais cómodo atribuir as culpas a uma qualquer entidade abstrata, que roubou o protagonismo ao já desusado Demónio, do que enfrentar a realidade das reais causas, cuja culpa (infelizmente) é exclusivamente humana.

Pedofilia? A culpa é da Internet, porque há exploração de imagens e de redes pela internet (como se só agora tivéssemos de lidar com esse flagelo...);

Prostituição? Idem (como se não fosse o negócio mais antigo do mundo...);

Seitas religiosas? (já nem sei o que nasceu antes: se a prostituição ou o fanatismo religioso...);

A imaginação é o limite. Para todo e qualquer problema a Internet é a resposta! É tão simples descartarmos as nossas culpas! Do que estas pessoas se esquecem é que a Internet (tal como as armas nucleares, os poluentes, as substâncias tóxicas) são criados por... nós! Pois é... pequeno grande pormenor!

Como qualquer coisa do mundo, tudo tem os seus aspetos positivos e negativos e a nós, humanos, foi-nos dado o livre arbítrio para escolher, para decidir em qual dos polos queremos ficar.

Por exemplo: a droga. Estão lá as plantinhas sossegaditas e de repente são transformadas por nós em substâncias viciantes. É delas a culpa? Claro que não. É do uso que se lhes dá, como em tudo, na vida.

A Internet está lá “sucatita”. Vão lá um bando de mentecaptos divulgar a sua mentecapta alucinação. Ora, quem vê semelhante coisa, tem duas hipóteses: ou não liga patavina, ou então,  é também mentecapto e associa-se à sua causa.

No caso mais específico dos adolescentes, penso que deve haver uma efetiva supervisão por parte dos encarregados de educação nas suas viagens virtuais. Mas não deve esta supervisão atingir todos os domínios dos seus educandos? Não deveria ser este procedimento normal? Será que o cerne da questão não passa pela falta de tempo que os pais têm para apoiar os filhos? Ou na falta de diálogo existente entre eles? Ou ainda nos tabus que ainda existem (uns antigos e outros modernos)?

Atualizem-se! A Internet é apenas mais um instrumento, um utensílio, que, como uma seringa pode ser usado para fazer o bem ou para provocar o mal. Não façam de nós objetos. Não é a rede que nos utiliza a nós, mas sim, o Homem que a manipula. Cabe a cada um de nós fazer as suas opções... e não se deixar transformar em instrumento.