Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Brega & Chique

Este é um blogue de uma mulher portuguesa com todas as (f)utilidades inerentes a essa condição...

O "botellón" tuga das gerações mais jovens

O "botellón" é uma prática juvenil importada de Espanha. A palavra vem de "botella" (garrafa) e significa em si, uma garrafa maior que o normal, ou seja, uma garrafa de grandes dimensões, por estar no grau aumentativo.

Em termos comportamentais, o "botellón" é uma prática de jovens que consiste em adquirir bebidas alcoólicas em locais que as vendem a baixo preço (ou até trazê-las de casa) em grandes garrafas e juntarem-se em locais onde as consomem ouvindo música e confratenizando, muitas vezes acabando por provocar distúrbios em plenos espaços públicos. A grande (e rápida) ingestão destas bebidas aliada à baixa fase etária dos jovens leva a comportamentos libertinos com graves consequências para os mesmos.

O problema é tão grave que já estão a ser tomadas medidas em Espanha para controlar esta prática. Num estudo espanhol constatou-se que 64% de jovens entre os 14 e os 18 anos consideram que é normal a ingestão de álcool.

Em Portugal, a venda de álcool é proibida a menores de 18 anos, mas há sempre maneira de contornar as coisas e mesmo em locais como bares e discotecas a verdade é que vejo sempre ser servido álcool a jovens que claramente não têm 18 anos, sem lhes ser pedida qualquer tipo de identificação.

Se estou a escrever sobre isto é porque testemunhei ainda há pouco tempo um exemplo desta prática degradante. Não que eu seja uma puritana ou que me tivesse trancado em casa com essas idades. Mas era diferente. Havia limites, coisa que esta geração não tem.

Numa ida a uma discoteca, o panorama à entrada era o seguinte: grande confusão na rua pública com magotes de jovens até no meio da estrada com a sua garrafa a emborcar. Táxis traziam continuamente jovens nas mesmas condições. No parque de estacionamento desse local, o mesmo cenário com os carros abertos com música em altos berros. Como cá fora não existem (obviamente) casas de banho, fizeram do muro de uma casa e dos pés de milho que lhe era próximos um urinol, com o consequente fedor que daí exalava. Tropeçavam, caíam e alguns já vomitavam.

À entrada da discoteca iam bebendo até à entrada, pousando no chão, antes de entrarem, as respetivas garrafas, que se acumulavam, à vista dos seguranças do local. O cheiro a "ganza" já se sentia na fila da entrada e continuou a sentir-se esporadicamente dentro da discoteca.

Lá dentro, a confusão reinava. Nunca percebi porque é que esta nova geração só sabe falar aos gritos. Também não sabe caminhar devagar no meio da multidão nem respeitar filas. "Com licença" e "desculpe" também não está no seu dicionário. Por várias vezes, fui abarroada ao ponto de quase me levarem à frente.

A casa de banho das mulheres parecia um cenário dantesco. Muito drama, gritos e choros, vómitos, copos vazios espalhados por todos os lados e até meias vi no lavatório. 

No fim da noite, à saída, vários sentados no chão ou mesmo deitados. 

Tive vontade de distribuir umas boas bofetadas a apreciar determinadas cenas, mas depois lembrei-me que são miúdos... E eu não era pai nem mãe de nenhum deles. Isso sim, era importante saber onde andariam os seus "papás" e a educação que não lhes deram. Os pais estão a demitir-se das suas funções e o resultado é este. Aliás, nota-se bem pelo que se passa nas escolas, aonde acorrem para reclamar de tudo e pouco para assumirem as suas responsabilidades de pais. Passou-se do 8 ao 80. Dá medo pensar que esta gente é o nosso futuro...

 

 

(imagem em https://elpais.com/elpais/2018/04/25/tentaciones/1524656241_047244.html)