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Brega & Chique

Este é um blogue de uma mulher portuguesa com todas as (f)utilidades inerentes a essa condição...

Reeditando "antiques": «Linda»

 

Caríssimas:

Não sei o que vos vai calhando na rifa, mas a mim, de há uns tempos a esta parte, tenho vindo a reparar num novo tipo de gajo. Trata-se do gajo que nos chama de “linda”.

Mal acaba de nos conhecer, ele é “linda” para trás, “linda” para a frente, como substituto do vocativo do nosso nome. Ora, se os meus queridos paizinhos tivessem optado em chamar-me Linda, era o que constaria agora no meu Cartão de Cidadão (ou Cidadã, como preferirem...). Mas, felizmente para mim (sem ofensa às Lindas), não lhes deu um ataque de pretensiosismo exacerbado…

Noutras variantes deste tipo de gajo, o vocativo “linda” pode também ser substituído por “fofa” (que ainda é pior) ou algo do género. Isto, quando o sujeito em causa não vai ao exagero e cai nos diminutivos como “lindinha” ou “fofinha”, o que me faz enfurecer ainda mais.

Este gajo, normalmente, acompanha esta forma de se dirigir a nós com outro modus operandi que me arrepele. Estamos nós muito bem num bar ou noutro sítio qualquer, acabamos de conhecer um caramelo destes, com quem não temos confiança absolutamente nenhuma e, para além do “linda” e do “fofa”, ainda temos que levar com as suas patorras em cima. Pois é… este espécime usa gestos melosos para acompanhar melosas palavras. À medida que vai entornando o seu mel venenoso, tenta (eu digo tenta, porque comigo não têm sucesso) por a mãozinha no ombro, fazer festinhas no cabelinho, agarrar a mãozinha, etc.

Ora, uma coisa é um amigo meu que tenha confiança q.b. comigo ter estas liberdades, outra coisa são estes novos Casanovas de momento.

A intenção destas jogadas psicológicas é fazerem-nos pensar que o gajo está deslumbrado com a nossa beleza, que nós somos a miss mundo, alguém realmente único e insubstituível; e que o gajo é um poço de sensibilidade, muito meigo, carente e que realmente acredita em amor à primeira vista…

O que ele não esclarece é que mal vira costas e vai até ao bar buscar-nos uma bebida (como um perfeito cavalheiro), logo outras misses mundo aparecem… ou seja, o paleio é o mesmo para todas! Por isso, desiluda-se deste tipo de gajo, lembre-se de que “quando a esmola é grande, o santo desconfia” e abra o olho.

É muito difícil ver este tipo de gajo com uma namorada a sério. Por norma, vai controlando uma série de casos, se tiver a inteligência suficiente para gerir a condicionante geográfica.

E pronto… é vê-las todas contentes, a acharem-se a oitava maravilha do mundo, até que um dia os príncipes simplesmente desaparecem (se a vítima não for da sua zona) ou inventam uma desilusão amorosa que não os deixa evoluir na relação presente, de tal maneira que a vítima ainda fica com pena do carrasco. Se tiver sorte, simplesmente constata que o príncipe… virou sapo.